A dipolo ressonante de meia onda é a mais eficiente?
Qual a vantagem de trabalharmos com a dipolo ressonante?
Basta a dipolo estar ressonante para
eliminar a estacionária?
Para que a potência do transmissor gere o maior sinal possível naquela figurinha que você estava “caçando”, devemos considerar o conjunto formado pelo transmissor, linha de transmissão e antena, sendo necessárias as seguintes condições:
- Casamento de impedância entre o transmissor e a linha de transmissão;
- Mínima perda na linha de transmissão;
- Casamento de impedância entre a linha de transmissão e a antena;
- Balanceamento da antena para evitar retornos de RF que alteram a sua eficiência (isso pode requerer o uso de balun no caso da linha ser desbalanceada);
- Máxima eficiência da antena
Vejamos as razões e requisitos para cada item
anterior:
O casamento de impedância entre o transmissor e a linha de transmissão é necessário para a máxima transferência de potência do
transmissor à linha. Adicionalmente, os modernos transmissores reduzem a sua
potência de saída como proteção do seu estágio final quando há o descasamento
de impedâncias.
As perdas na linha dependerão do seu tipo,
comprimento e frequência de operação, além, obviamente, da sua qualidade. Essas
perdas são especificadas por unidade de comprimento e para a condição de não
existência de estacionária na linha. A presença de estacionárias aumentará as
perdas totais da linha.
O casamento de impedância entre a linha de
transmissão e a antena é necessário para a máxima transferência de potência à
antena (sua máxima excitação);
A eficiência da dipolo depende do seu diagrama de
radiação que, por sua vez, depende basicamente do seu comprimento. Mas existe
uma visão frequente de que a dipolo de meia onda é a mais eficiente devido à sua
ressonância. Esta é uma explicação simplista que pode levar a um entendimento
equivocado.
Se o critério de eficiência é colocar o maior sinal
possível para a mesma excitação da antena, observa-se que, ao se aumentar o
comprimento de uma dipolo acima de meia onda, ela até aumenta o seu ganho (dentro
de limites). Se subirmos o seu comprimento para um pouco mais de uma onda
completa, o seu ganho em relação à meia onda atinge cerca de 3 dB na direção de
máxima radiação (duplica a potência do sinal recebido!). A partir daí vai
caindo e subindo em lobos que se formam em várias direções com o aumento do seu
comprimento, conforme pode ser visto no interessante vídeo de uma aula do Dr
Doug Tougaw, PHD da Universidade de Valparaiso, Indiana/USA (https://www.youtube.com/watch?v=7yfN8xJ4n-k).
Ou seja, se considerarmos apenas a dipolo, não é
necessariamente na condição de ressonância que você terá mais eficiência de
radiação, ou seja, gerar mais campo para a mesma excitação. A grande questão está
na excitação da antena quando esta deixa de ser ressonante, condição em que a transferência
de potência da linha de transmissão para a antena cai (e logo a sua excitação) ao
mudar o seu comprimento ou frequência de excitação.
A máxima excitação só ocorre se a antena apresentar
uma impedância resistiva, e essa impedância for igual à impedância
característica da linha. E isso acontece quando a antena é ressonante. Daí a popularidade
da dipolo de meia onda pois ela é a menor antena ressonante que permite o uso
de um cabo coaxial sem estacionária e, portanto, com qualquer comprimento, onde
toda a potência desenvolvida pelo transmissor será entregue à antena,
descontadas as perdas do cabo.
Na medida em que se afasta da frequência de
ressonância da antena, a sua impedância se altera, tanto na parte resistiva
quanto pela inserção de uma parte reativa, podendo ser capacitiva se a
frequência cai, ou indutiva se a frequência sobe. Essa mudança de impedância
gera reflexão e estacionária na linha, reduzindo a transferência de potência do
transmissor para a linha e da linha para a antena. E isso reduz a sua excitação
e a eficiência de todo o conjunto, não da antena. Não é a antena que perde
eficiência, mas, fora da ressonância, ela recebe menos potência!
Podemos corrigir a impedância vista pelo
transmissor com um acoplador junto a ele (quando não está dentro dele!), de
forma a permitir que o transmissor entregue toda a potência à linha, mesmo com
estacionária. Mas a estacionária na linha continua, assim como as perdas
inerentes a ela.
Porém, se conseguimos neutralizar a componente
reativa apresentada pela antena não ressonante e igualamos a impedância resistiva
ao valor da linha de transmissão, teremos a total transferência da potência conduzida
pela linha para a antena. E, nesse caso, poderemos ter antenas não ressonantes,
mas adequadamente acopladas às linhas de transmissão e com ganhos até
superiores à dipolo de meia onda. Esse acoplamento pode ser feito por um circuito
acoplador junto da antena.
Pode parecer estranho pensarmos em acoplador junto
da antena no caso de dipolos, mas é muito comum em antenas portáteis como as
antenas móveis (terrestres, marítimos ou aeronáuticos) ou as antenas de janela
com o circuito acoplador na base e o respectivo “contrapeso”. O problema, que torna
essa solução pouco popular (ainda) para as dipolos, é que o circuito acoplador
precisa ser reajustado quando se altera a frequência.
Em
resumo,
a forma mais prática e eficiente de se ter uma antena
é a dipolo ressonante de meia onda, cuja impedância resistiva (dependendo da
sua altura) seja bem próxima da impedância do cabo coaxial. Pequenos descasamentos
das impedâncias da antena e cabo, quer seja em função da altura da antena, quer
seja quando se afasta da frequência de ressonância, começam a gerar
estacionária que pode ser tolerada dentro de certos limites. Maiores variações
podem ser compensadas com o uso do acoplador de antena junto ao transmissor,
única e exclusivamente para permitir o transmissor entregar toda a sua potência.
As perdas na linha de transmissão continuam a existir. As dipolos não
ressonantes, inclusive para operação em várias bandas, podem ser utilizadas de
forma eficiente (às vezes mais do que a dipolo de meia onda) se forem usados acopladores
entre a linha de transmissão e elas. O mesmo vale para outros tipos de antenas
como as verticais, unifilares etc com os respectivos contrapesos.
73!
Ola joão bom dia ,tarde ou noite obrigado por dividir seus conhecimentos, será sempre lembrado bem pelo que vejo muitas pessoas são contrarias aos acompladores visto que a estetacionaria continua na antena e nas antenas não recionantes que usa acopladores são mais mais eficiente seria pelo seu comprimento de onda? 73 py1fm juarez
ResponderExcluirGrato pelo apoio, Juarez. O campo gerado pela antena depende do seu comprimento (e da potência injetada nela). Se você aumenta o comprimento do fio, o campo vai aumentando na direção de máxima radiação até atingir o seu máximo em um pouco mais de um comprimento de onda. Acima disso, a intensidade começa a cair e formam-se outros lobos de radiação por conta das fases das correntes de cada "pedacinho" da antena. Veja no vídeo que indico no artigo. Ocorre que pra você conseguir injetar a maior potência possível da linha de transmissão pra antena, você deve casar as impedâncias destes elementos (linha e antena). E só nas ressonâncias acontece isso e, mesmo assim, a impedância da antena, ainda que resistiva, pode ser diferente da linha, requerendo um casamento de impedâncias. Neste ponto, a antena de meia onda é prática porque é o menor tamanho com uma impedância em torno dos 50/70 ohm. Porém, se você usa um acoplador entre linha e antena (e não entre TX e linha) você pode acoplar a dipolos maiores que a de meia onda com um pouco de ganho e não tendo acréscimo de perdas no cabo que aconteceria com as estacionárias que ainda existiriam nele, caso o acoplador estivesse junto do transmissor.
ResponderExcluirParabéns Saad! Simples, rápido, objetivo e principalmente elucidativo.
ResponderExcluirGrato pelo apoio, Humberto.
ResponderExcluirÓtima matéria simples e direto ao ponto.
ResponderExcluirValeu, Fabio!
ExcluirParabéns Saad! De PS7JQ
ResponderExcluirGrato pelo apoio, José!
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